O cogumelo Cordyceps militaris é conhecido e utilizado dentro da medicina tradicional chinesa há milhares de anos e durante muito tempo o conhecimento sobre esse fungo medicinal esteve praticamente restrito aos países orientais.
No entanto nos últimos anos vem ocorrendo uma busca crescente do mercado medicinal humano e veterinário por produtos naturais e fitoterápicos, e graças à essa necessidade dos consumidores que o cogumelo Cordyceps militaris tem chamado ainda mais atenção da indústria farmacêutica.
Este fungo entomopatogênico mostrou ser muito interessante e adaptável ao mercado ocidental, tanto que atualmente já existem diversos suplementos alimentares e outros produtos que utilizam o Cogumelo Cordyceps militaris em países da Europa e da América do Norte.
Conhecido por sua ação antineoplásica, imunoestimulante, antioxidante e anti-inflamatória, esse fungo apresenta aplicações promissoras tanto na medicina humana quanto na veterinária.
Dentro deste artigo iremos entender melhor o que ocorre no organismo dos pacientes tratados com extrato de Cordyceps militaris focando nas ações antineoplásica e imunoestimulante. Caso queira entender melhor os efeitos antioxidante e anti-inflamatório acesse nosso outro artigo que tratará desses efeitos mais profundamente.
Atividade Antineoplásica
Está documentado na literatura científica a capacidade do cogumelo Cordyceps militaris em restringir o crescimento de tumores devido a seus diversos compostos bioativos presentes.
O extrato de Cordyceps militaris tem se mostrado eficaz na restrição do crescimento tumoral, graças aos seus compostos bioativos, como a cordicepina. Estudos demonstraram que ela possui ação citotóxica contra diversos tipos de câncer, como:
- Adenocarcinoma estomacal (SNU-1);
- Adenocarcinoma colorretal (SNU-C4);
- Carcinoma hepatocelular (SNH-354).
Além disso a cordicepina inibi angiogênese que limita o fornecimento de nutrientes às células cancerígenas, restringindo seu crescimento. A cordicepina também reduz a produção da metalopeptidase da matriz celular, que é uma enzima que digere proteínas da matriz extracelular e está relacionado à formação de metástases.
O extrato de Cordyceps militaris pode induzir apoptose em linhas de células cancerígenas por meio de disfunção mitocondrial e ativação de caspase. Acordicepina provoca apoptose via caspase-7, -8 e -9 envolvendo o aumento da razão de expressão da proteína X associada a Bcl-2 (Bax) e a diminuição da proteína inibidora de apoptose ligada ao X (XIAP).
Desta forma fica claro o efeito da cordicepina sob vias moleculares cruciais no desenvolvimento tumoral, suprimindo a proliferação celular cancerígena ao alterar a sinalização de cascatas enzimáticas essenciais para o metabolismo energético de tumores.
Em modelos animais, o Cordyceps militaris demonstrou reduzir significativamente o tamanho de tumores ao suprimir vias inflamatórias e oxidativas, como a produção de óxido nítrico e citocinas inflamatórias (e.g., TNF-α)
Atividade Imunoestimulante
O importante potencial imunoestimulante é uma das principais causas de aumento de interesse no gênero Cordyceps nos últimos anos, especialmente na espécie Cordyceps militaris.
A ação imunoestimulante de um composto é explicada por sua competência para ativar o sistema imunológico do organismo por meio da indução ou ativação de seus componentes.
O extrato de Cordyceps militaris possui constituintes bioativos que foram relacionados à produção de citocinas, como interleucina (IL)-1β, IL-2, IL-6, IL-8, IL-10, IL-12 e fator de necrose tumoral (TNF)-α. Também está relacionado à estimulação da atividade de fagocitose em células imunes como macrófagos e células dendríticas.
Além disso, ocorre o favorecimento de produção de óxido nítrico pelo aumento da atividade da enzima óxido nítrico sintase induzível, que é tóxica para agentes patogênicos, e estimulação da resposta inflamatória controlada pela via da proteína quinase.
Há uma série de compostos imunomoduladores presentes no Cordyceps militaris. Alguns deles são identificados por receptores Toll-like (TLRs) e receptores de lectina tipo C (CLRs) ainda no início da resposta imunológica do paciente. Esses receptores estão presentes principalmente em células apresentadoras de antígenos (APCs) como macrófagos, células dendríticas e linfócitos B.
Esses compostos imunomoduladores alteram a expressão e estimulam a sinalização intracelular de receptores do tipo Toll e receptores de lectina tipo C nas APCs. Veja na figura abaixo como ocorre a interação desses receptores com os constituintes dos derivados de Cordyceps.
Um exemplo desses compostos é o CP2-S (um novo polissacarídeo) proveniente do extrato do cogumelo Cordyceps militaris. Ele apresenta atividade imunoestimulante induzindo fagocitose, produção de óxido nítrico tóxico e secreção de interleucina-1β e interleucina-2 que agem sobre macrófagos.
Estudos relataram a ação imunoestimulante do novo polissacarídeo obtido a partir do processo de purificação de Cordyceps militaris cultivados em linfócitos e células Natural-killer (NK) por meio da indução de proteínas quinases específicas, receptor Toll-like e complexos proteicos transcritórios.
Outro composto bioativo importante é a cordicepina que regula a expressão de proteínas sinalizadoras, promovendo um equilíbrio imunológico vantajoso em condições imunossupressoras.
Na prática veterinária, esses efeitos podem beneficiar pacientes imunocomprometidos, como animais submetidos a tratamentos intensivos como a quimioterapia, e contribuir para a prevenção de infecções secundárias nesses animais. Além disso, a capacidade do Cordyceps militaris de fortalecer a imunidade celular e humoral pode ser explorada como adjuvante em vacinas e em protocolos de imunoterapia.
Algumas das ações medicinais secundárias do Cordyceps militaris são: antidiabética, antifadiga, antienvelhecimento, redução de colesterol, redução da pressão cardíaca, vaso relaxante, antidepressiva e afrodisíaca já foram relatadas em estudos pré-clínicos envolvendo o extrato de Cordyceps militaris.
Aplicações na medicina veterinária
Na medicina veterinária, o uso de Cordyceps militaris já vem ocorrendo em forma de suplemento terapêutico em diversos países.
No Brasil atualmente só existe um suplemento a base de Cordyceps militaris desenvolvido especificamente para a medicina veterinária. O extrato de cogumelo Cordyceps militaris em pó “Cogumelo Pets” desenvolvido pela indústria Wohaco é o único registrado pelo MAPA e legalizado em território nacional.
O uso do extrato deste fungo é considerado promissor para tratar neoplasias e como imunoestimulante em pets e em animais de produção. No entanto, é necessário que ocorra um acompanhamento médico veterinário específico para garantir a segurança e dosagem ideal para cada espécie animal.
Em nosso próximo artigo continuaremos falando sobre as bioatividades presentes no Cordyceps militaris focando nas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias do fungo. Caso tenha se interessado sobre acompanhe nossas redes sociais para saber mais.
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Referências
- Lim, HW, Kwon, YM, Cho, SM, Kim, JH, Yoon, GH, Lee, S., et al. (2004). Atividade antitumoral de Cordyceps militaris em linhagem de células cancerígenas humanas. Korean J. Pharmacogn . 35, 364–367.
- Association for the Advancement of Restorative Medicine. Journal of Restorative Medicine; Cordyceps (Cordyceps militaris). 2024
- Gitishree Das., et al. (2024) Cordyceps spp.: A Review on Its Immune-Stimulatory and Other Biological Potentials.